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Review do Viper day no site da revista Roadie Crew!


 

VIPER DAY
VIPER / SKYSCRAPER
Manifesto Bar – São Paulo (SP)
08 de abril de 2017
Por Leandro Nogueira Coppi / Fotos: Alex Minconi e Humberto MoraisO dia 8 de abril não é uma data qualquer na história do Viper e, consequentemente, nem na do Heavy Metal brasileiro. Afinal, foi nesse dia em questão que há 32 anos esse lendário grupo paulistano, que na época era formado pelos adolescentes Andre Matos (vocal), Felipe Machado (guitarra), Cássio Audi (bateria) e os irmãos Passarell, Pit (baixo) e Yves (guitarra), fazia a sua estreia, em show realizado no extinto Teatro Lira Paulistana. Naqueles tempos, esses garotos eram chamados de “Menudos do Metal”, devido a pouca idade de cada um. Nos últimos anos, a banda passou a celebrar esse dia histórico junto aos seus fãs, no evento chamado “Viper Day”, que, obviamente, acontece sempre nessa mesma data.Eventos assim são muito bacanas para as pessoas confraternizarem trocando figurinhas falando sobre shows e histórias do passado, tirarem fotos com os músicos, levarem seus itens de coleção para serem autografados e verem ex-integrantes e pessoas que de alguma forma fizeram parte da trajetória da banda. E foi exatamente isso o que aconteceu dessa vez no Manifesto Bar, que abriu espaço para a realização da terceira edição do “Viper Day”, que esse ano priorizou celebrar os 25 anos do lançamento do aclamado e bem sucedido terceiro álbum do Viper, “Evolution”. Os fãs do grupo não decepcionaram e comparecem em peso ao evento.

Skyscraper, banda paulistana de Power Metal bastante conhecida dos anos 90 e que há vinte anos andava afastada dos palcos, foi convidada para a abertura do show do Viper. Pontualmente a meia-noite, após introdução mecânica, Ivan Martins (vocal), Marcos “Naza” (ex-Twilight) e Flávio Souza Jr. (guitarras), Eduga Gioielli (baixo) e Fábio Elsas (bateria, ex-Henceforth, Wardeath e Firebox) iniciaram com a melódica “Happier Than I Am”, do ‘debut’ “T.V.lization” (2003). O riff pesado e o andamento cadenciado inicial que vieram a seguir revelaram outra do mesmo: “Great Dead Singer”.

Felizes com o retorno definitivo do Skyscraper, os fãs cantavam cada música. Mas todos vibraram mesmo quando Martins revelou que a banda está gravando seu segundo álbum – o qual Naza revelou à ROADIE CREW que se chamará “Drumma” – e que a próxima música a ser tocada, “From Above”, era uma das novas. O que deu para perceber através dessa é que apesar do longo tempo que ficou parado o Skyscraper não se distanciou de suas raízes sonoras.

Esse último 8 de abril foi realmente especial, pois, assim como o Viper, foi nessa data que, coincidentemente, o Skyscraper também realizou o seu primeiro show, conforme contou Martins após a execução de “Vulture”. Novo na banda, o vocalista brincou ao dizer que em 1990 ele nem era nascido. Após o cover do Helloween para “Little Time”, foi a vez de outra nova, a contagiante “The Truth”, que mostrou certa similaridade com o Queensrÿche. Ao final dessa, Naza pediu a palavra e ressaltou que o Skyscraper estava comemorando vinte e sete anos de sua estreia em um palco. Ele comentou que naquele primeiro show os irmãos Passarell estavam na plateia – no dia, Pit subiu para cantar “Prelude to Oblivion” (Viper) com o Skyscraper. Emocionado, o guitarrista também falou que o Viper sempre ajudou o Skyscraper e que novamente estava dando uma força, abrindo espaço para a sua banda fazer esse primeiro show da volta. Após agradecer os atuais e os antigos membros do Viper e ouvir o público gritar o nome do Skyscraper, Naza informou que a próxima música do set, “Captain Frog”, do EP “Live” (1994), foi feita em parceria com Val Santos, que passou diversas vezes pelo Viper, tocando vários instrumentos.

Antes da última, Naza contou que na turnê de “Theatre of Fate” (1989) o Viper estava tocando uma música chamada “Crime” (que só foi gravada no EP “Vipera Sapiens”, de 1993), que era o ponto alto do set. Como ele não podia gravá-la, já que ainda não existiam celulares no Brasil, voltou para casa cantando-a por todo o caminho de volta do show que viu a banda fazer no lendário Teatro Mambembe. Assim, plagiando o Viper intencionalmente, Naza compôs sua primeira música, “Hero”, que foi gravada na primeira demo do Skyscraper, datada de 1990. E foi com ela que o grupo encerrou sua apresentação no “Viper Day”, sendo bastante aplaudido, enquanto o tema da saga “Star Wars” rolava nas caixas de som. Marcos Naza comentou com a ROADIE CREW sobre a oportunidade de tocar no evento: “O convite do Felipe Machado foi a motivação de que precisávamos pra voltar a fazer shows depois de 20 anos sem pisar nos palcos”. E ele comemorou: “Foi uma grande honra e uma alegria rever os amigos e participar dessa festa.”

Dez minutos após o Skyscraper deixar o palco, o telão do Manifesto Bar passou um vídeo de meia hora em que, a pedido do Viper em sua página oficial do Facebook, fãs, músicos e amigos da banda comentaram a importância de “Evolution” em suas vidas. O álbum foi gravado na Alemanha e teve lançamento mundial. Impulsionado pelos clipes das músicas “Evolution”, “Rebel Maniac” e “Dead Light”, que na época figuravam na programação da MTV brasileira, por shows de grande porte no Brasil, como o da abertura para o Metallica em 1993 e o da primeira edição do festival “Monsters Of Rock” em 1994, e por turnês realizadas na Europa e no Japão, “Evolution” acabou se tornando o álbum mais vendido do Viper até hoje. O sucesso foi tanto que o show realizado em 18 de junho de 1993 no Club Cittá de Kawasaki foi registrado no disco “Live Maniacs In Japan”. Com esse material o Viper entrou para a história por ter sido a primeira banda brasileira a gravar um disco ao vivo no Japão.

Assim que acabou o vídeo dos depoimentos, Beto Peninha, o lendário Capitão de Aço, que apresentava o programa Sessão Rocambole na famosa e extinta 97 FM, a primeira emissora de rádio paulista, mas que se auto-intitulava como sendo “a primeira rádio rock do país”, subiu ao palco e fez as honrarias para o aguardado show do Viper. A banda entrou tocando “Coming from the Inside”, justamente a música que abre “Evolution”. Da formação que o gravou, apenas Felipe Machado, que trajava uma regata com a imagem de uma das caveiras ciclistas da capa do disco, estava no palco, sendo acompanhado pelos integrantes atuais, Hugo Mariutti (guitarra) e Guilherme Martin (bateria), e também pelo baixista Roberto Gutierrez (Hollowmind) – que participou do seu álbum, “FM Solo” (2015) – e pelo tarimbado vocalista Leandro Caçoilo (Hardshine, Seventh Seal, ex-Eterna e várias outras), que substituía Andre Matos, que estava fora do país. O clima era de festa, tanto que Pit Passarell, que assumiu o vocal principal da banda no disco “Evolution”, não aguentou esperar e antecipou sua entrada no decorrer da música de abertura, agitando e participando dos backing vocals. A partir daí, ele ficou com o microfone em “Dance of Madness” e na própria “Evolution” e o devolveu para Caçoilo em de “The Shelter”.

Como foi divulgado previamente, diversos músicos participariam do show do Viper. Porém, outro que não pôde estar presente foi o ex-guitarrista Yves Passarell, que estava tocando com o Capital Inicial em outra cidade. Mas ele deixou sua mensagem no vídeo mostrado antes do show. Dos que compareceram, os primeiros a serem chamados ao palco foram o irmão de Felipe, o baixista Nando Machado (ToyShop, Exhort), e o saudado baterista Renato Graccia, que fez sua estreia na banda em estúdio exatamente em “Evolution”, no qual teve uma performance avassaladora. Ambos participaram em “Dead Light”. Ao final dessa, Graccia se despediu e passou o posto para Sérgio Facci (V Project, Volkana, Vulcano e Vodu), que sentou o braço em “To Live Again”, do único álbum que gravou com o Viper, “Theatre of Fate” (1989).

Para cantar a balada “The Spreading Soul”, Pit – que não tocou baixo no show – chamou ao palco a vocalista do ToyShop e esposa de Martin, Natacha Cersosimo, e a fã e aniversariante da semana, Julia Hardy, que gravou depoimento no vídeo, dizendo que essa é a sua música favorita da banda e que seu pai a proibia de ouvir heavy metal, tendo chegado ao ponto de quebrar seu vinil de “Evolution”. Na sequência, o Viper que era o homenageado da noite, resolveu também prestar homenagem a outras duas lendárias bandas nacionais: A Chave do Sol e Centúrias. Para a primeira contou com a presença do guitarrista Rubens Gioia em “Luz” e “Um Minuto Além” e para a segunda com o baterista Paulão Thomas (Kamboja, ex-Centúrias, Baranga, Firebox, Korzus, Proposital Noise, Cheap Tequila, Patrulha do Espaço, Harppia etc) em “Portas Negras”. O também experiente André Gois do Vodu mandou bem cantando as duas últimas músicas mencionadas.

Além das histórias que iam sendo contadas pelos músicos, era legal observar no telão imagens de shows, de clipes e das capas dos álbuns do Viper e também das bandas de alguns dos convidados. Uma das músicas mais aguardadas era “Rebel Maniac” e foi com esse hit que Passarell, Machado, Mariutti, Gutierrez e Martin incendiaram o Manifesto Bar e encerraram a primeira parte do show, que foi dividido em duas partes. Assim que todos deixaram o palco, o telão exibiu o vídeo ao vivo de “Living for the Night” cantada por Ricardo Bocci (Rei Lagarto), que gravou apenas o último álbum de estúdio do Viper, “All my Life”, que em 2017 completa 10 anos de seu lançamento – ele também não esteve presente no evento.

E se o primeiro ato do show foi dedicado à “Evolution”, o segundo foi para os demais álbuns da banda – exceto o próprio “All my Life”. Assim sendo, vinte minutos depois o Viper retornou ao palco com Caçoilo novamente fazendo bonito nos vocais principais e Pit nos de apoio, e reiniciou seu set com “Knights of Destruction”, de seu clássico ‘debut’, “Soldiers Of Sunrise” (1987). O grupo seguiu tocando diversos hinos de sua carreira e convidando outros músicos. Para “Nightmares”, Felipe convocou um amigo de infância da banda, o ex-guitarrista do Chakal, Eduardo “Paulista” Simões, que gravou o terceiro álbum do grupo mineiro, “Death is a Lonely Business” (1993). Já em “Wings of the Evil” foi a vez de Naza. O guitarrista comentou depois com a ROADIE CREW sob essa ‘jam session’: “Subir no palco e tocar ‘Wings of the Evil’ com o Viper, assim como fizemos com o Andre Matos no nascimento do Skyscraper em 1988, quando tocamos apenas essa música em um festival do colégio onde estudamos, foi um presente muito especial pra mim.”

Entre várias que também foram tocadas estavam “Coma Rage” e “8 de Abril”, dos controversos “Coma Rage” (1995) e “Tem pra todo Mundo” (1996), respectivamente. Com imagens do Queen no telão tocando na primeira edição do “Rock In Rio” em 1985, o Viper mandou o cover de “We Will Rock You”, que encerra “Evolution”. Assim, as únicas do álbum que ficaram de fora foram “Still the Same”, “Pictures of Hate” e “Wasted”. O grupo também tocou a imbatível “Living for the Night”, que venceu a barreira do tempo, já que mesmo após várias décadas ainda é cantada em uníssono pelo público. Ao final dessa, houve uma tentativa frustrada de a banda tocar as não ensaiadas “Black Magic” (Slayer), “Wrathchild” (Iron Maiden) e “Master of Puppets” (Metallica). Mas os músicos conseguiram levar o hino da donzela de ferro, “The Number of the Beast” – que não estava programado – até o final. Depois disso, encerraram a noite, perto das quatro da matina, com “H.R.”, de “Soldiers of Sunrise”, com Val Santos assumindo a bateria no decorrer da música para que Guilherme Martin pudesse sair de cena com um stage diving.

Felipe Machado comentou com a ROADIE CREW sobre essa noite memorável: “Foi uma comemoração muito legal porque o ‘Viper Day’ sempre tem um tema. O primeiro, em 2015, foi o ‘To Lira Again’, quando tocamos o repertório do primeiro show de 08 de abril de 1985 na íntegra, na mesma ordem, exatamente como tocamos no Lira Paulistana. No ano passado, o ‘Viper Day’ teve como tema os projetos paralelos, então teve show do ToyShop, do Guilherme Martin e do Val Santos, o FMS, que é meu projeto solo, e o Pit, tocando as composições dele”, explicou. “Este ano foi bacana porque fizemos a homenagem aos 25 anos do ‘Evolution’ e pudemos homenagear músicos que nos influenciaram, como Rubens Gioia, da A Chave do Sol, e Paulo Thomaz, ex-Centúrias”, afirmou. “O ‘Viper Day’ é uma homenagem à carreira do Viper, mas também uma forma de homenagear quem esteve conosco durante toda nossa carreira”, concluiu.

Quem compareceu a essa terceira edição do “Viper Day” saiu emocionado com o que viu e feliz por ter curtido um show tão longo do Viper, com várias músicas que há tempos não eram tocadas ao vivo. Além disso, por rememorar histórias relacionadas a “Evolution”, um álbum importante na história do heavy metal brasileiro, já que levou o nome do país para várias partes do mundo. O próprio Naza, que é amigo pessoal da banda, relembrou fatos marcantes entre ele e alguns dos integrantes do Viper: “O Pit foi a maior referência que eu já tive no metal, o compositor do estilo que eu mais admirava. Fui aluno do Yves antes de eles lançarem o primeiro disco. Foi ele quem me ensinou a tocar Iron Maiden, Judas Priest, Manowar e, principalmente, Viper. O Felipe usou minha guitarra no show de lançamento do ‘Soldiers…’, em que o teatro quase pegou fogo. Eu estava lá”, relembrou, referindo-se ao já tão comentando episódio ocorrido no teatro do Colégio Rio Branco, em 28 de agosto de 1987. “Não haveria Skyscraper se não fosse pelo Viper”, enfatizou.

Quanto às comemorações para “Evolution”, elas não param por aqui, já que a gravadora Wikimetal anunciou, ainda para o primeiro semestre de 2017, o lançamento de uma edição remasterizada do álbum, contendo as demos da pré-produção, em que as versões de algumas das músicas são diferentes do que as que conhecemos no disco.

VIPER – Setlist 1:
Coming from the Inside
Dance of Madness
Evolution
The Shelter
Dead Light
To Live Again
The Spreading Soul
Luz (Cover de A Chave do Sol)
Um Minuto Além (Cover de A Chave do Sol)
Portas Negras (Cover do Centúrias)
Rebel Maniac

Setlist 2:
Knights of Destruction
A Cry from the Edge
Nightmares
Wings of the Evil
Coma Rage
8 de Abril
Prelude to Oblivion
We Will Rock You (Cover do Queen)
Living for the Night
The Number of the Beast (Cover do Iron Maiden)
H.R.

SKYSCRAPER – Setlist:
Happier Than I Am
Great Dead Singer
From Above
Vulture
Little Time
The Truth
Captain Frog
Hero